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Roberto Donato / Blog

Céu torto

Ele entortou o céu, que ficou todo ondulado parecendo um oceano. Deu um nó em uma melodia e depois amarrou uma ponta em cada árvore. A melodia era de um pássaro, mas ele tinha outras. O vento soprava entre as árvores e o assovio era diferente por se juntar com as notas do passarinho. Logo à frente tinha um alçapão para capturar o som que pairava ao redor, mas só conseguiu pegar algumas notas que guardou em uma garrafa. Pensou que podia virar música e se esticou todo pra alcançar as duas árvores e formar coro com a melodia do pássaro. Quando o vento soprou novamente, o que se ouviu foi sua alma cantando.

Palavra

Tão logo me apaixonei Ela engravidou Pariu com todas as letras Vestiu de significados, sentidos e metáforas Alimentou com suas similaridades Tudo do próprio seio A cria foi apresentada e logo separada por sílabas Entre classificações e conjugações Forjou seu caráter e caracteres Vive sempre na ponta das boas e más línguas Em meio a tantas frases Discursos, poemas e tratados Ou na imaginação, nos sonhos E nas lembranças Falada, escrita, pensada e cantada Palavra.

Desalmado

Minha alma surtou e abandonou meu corpo. Agora sou um sujeito desalmado.

Na medida

Na medida em que gosto, ofendo! Brigo, maltrato, critico, e à vezes, até humilho. Mas só quando gosto.

Deixou de viver

Ele morreu durante a noite. A causa? Falta de sonho... Ele não sonhava mais! Assim, aos poucos, deixou de viver.